ABRH Brasil

Por Rafaella Matioli e Naira Duarte*

Nos últimos anos, a sigla ESG vem ganhando cada vez mais destaque no mundo corporativo, uma vez que passou a identificar as boas práticas das companhias – principalmente as de capital aberto, mas não se restringindo a elas – em três “áreas”: ambiental, social e de governança (traduzido do inglês Environmental, Social and Corporate Governance).

Segundo um levantamento do Google Trends, realizando em fevereiro de 2022, as buscas de brasileiros pelo tema cresceram 150% em relação aos 12 meses anteriores. Já uma outra pesquisa recente, divulgada no início deste ano pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), mostra que, embora heterogêneo, o mercado representado pela entidade, que tem contribuído para alavancar a atenção com a sigla, caminha para uma evolução: 87% das instituições do setor afirmam que o assunto ganhou relevância no último ano. Quase a totalidade do mercado (90%) tem certeza de que ele ganhará ainda mais no próximo.

Dentro do âmbito social, por exemplo, ganha mais espaço o cuidado com as pessoas que produzem os resultados da companhia, além de seus familiares, uma vez que gera grande impacto e contribui com os lucros da empresa e com a sociedade. Este cuidado envolve proporcionar um ambiente mais diverso e inclusivo no espaço de trabalho, como demonstra a 13ª Pesquisa de Benefícios Aon, que mapeou o tema pela primeira vez junto a mais de 800 empresas brasileiras em 30 segmentos diferentes da economia. Com 40% das companhias afirmando terem iniciativas de Diversidade & Inclusão implantadas ou estarem entendendo e pesquisando mais sobre o assunto, de forma geral, é possível observar que os temas de equidade de gênero, raça, cor e etnia e público LGBTQIA+ vem obtendo destaque.

Um número relevante de empresas coloca o tema Diversidade & Inclusão como prioritário em suas pautas (84%) e muitas já aplicam objetivos internos para o aumento da diversidade (74%). A participação e a promoção de eventos e fóruns sobre o tema também têm entrado como ações escolhidas pelas empresas para reforçar seu posicionamento, prática aplicada por 63% delas.

Ainda de olho no aspecto social, aplicar boas estratégias com foco na saúde e no bem-estar dos colaboradores impacta de forma bastante eficaz no desenvolvimento de uma força de trabalho resiliente, contribuindo para as organizações superarem a concorrência em relação à produtividade, qualidade do trabalho entregue, aquisição e retenção de talentos. Acima de tudo, colaboram para que seus colaboradores se sintam mais felizes.

Uma estratégia de resiliência bem definida considera quatro dimensões de bem-estar do colaborador, que refletem no seu engajamento no trabalho: físico, mental, emocional e financeiro. As empresas geralmente apoiam sua força de trabalho nesses aspectos por meio de programas de gestão de saúde e/ou qualidade de vida e bem-estar. No Brasil, segundo a Pesquisa de Benefícios Aon, iniciativas com esse foco já são realidade em 59,7% das companhias. Esse índice é 31 p.p. superior ao registrado em 2019, indicando forte influência da pandemia, uma vez que 47% das empresas implementaram esse tipo de programa em virtude da situação. Contudo, é um caminho sem volta, já que essas companhias afirmaram que vão manter as iniciativas em sua rotina futura.

Apenas para exemplificar as práticas mais disseminadas nas empresas brasileiras, considerando o aspecto físico, destacam-se as ações voltadas à promoção de atividade física e combate ao sedentarismo (69%), além da orientação alimentar e nutrição saudável (44%). Em relação às ações com foco nos pilares mental e emocional, implementadas principalmente na pandemia, ressaltamos os programas de gerenciamento de estresse (44%) e de saúde mental (39%). No período vimos também novas práticas surgindo para apoiar o colaborador no aspecto financeiro, como as ações de educação financeira, que foram aplicadas por 10% das empresas, mas também benefícios tradicionais que trazem a segurança no longo-prazo e também para imprevistos, como é o caso do seguro de vida (94%) e do plano de previdência privada (47%).

Fica claro que o caminho trilhado pelas empresas dentro de uma agenda ESG inclui e incentiva a atenção com seus trabalhadores e familiares, evidenciando a importância da sua contribuição e os resultados positivos gerados quando a força de trabalho é mais saudável, diversa e resiliente.

* Rafaella Matioli, Diretora de Health & Human Capital Solutions da Aon Brasil e Naira Duarte, Gerente de Consultoria e Soluções da Aon Brasil.