ABRH Brasil

Por Erika Linhares*

Costuma-se dizer que a geração atual é sempre pior que a geração anterior. Quando os jovens crescem, e com eles chegam suas ideias inovadoras ou revolucionárias, a grande maioria dos adultos tem dificuldade de compreender (outro problema geracional). No entanto, com cada vez mais acesso à informação, a atual geração de jovens nunca foi tão debatida e até rejeitada.

É claro que essa geração tem sim problemas, como todas as outras que já vieram antes, mas isso faz parte da evolução natural das pessoas e da sociedade. Não acredito que exista uma geração “estragada” e essa também tem muitas características positivas e muitas coisas a nos ensinar. Uma delas é que os jovens de hoje se engajam por propósito. Eles trabalham para ser: ser bem-sucedido, ser competente, ser respeitado e deixar um legado. Ao contrário da minha geração e dos meus pais, por exemplo, que foi adaptada a trabalhar para ter: ter um carro, ter uma pós-graduação, ter uma casa, ter dinheiro para a faculdade do filho.

Gente feliz não enche o saco e sua empresa tem que estar preparada para isso!

Também temos muito o que aprender com a nova geração sobre ser feliz durante a jornada e não apenas no final. Eles não ficam pensando “tenho que trabalhar, isso é um fardo, é muito ruim, mas não tem problema porque no fim da vida vou ter o que quero”. Não! Os jovens querem ser felizes hoje e conquistar agora. Uma frase que sempre costumo dizer é “gente feliz não enche o saco”, e sua empresa tem que estar preparada para isso!

Outra característica positiva é que eles adoram o novo! A minha geração foi educada pela escola, pelos pais e pela Barsa e, por isso, existiam paradigmas pré-estabelecidos dessa educação. Nós temos restrições ao novo porque “sempre fizemos assim”. Já esses jovens nasceram no mundo da internet, eles têm acesso a tudo que o mundo todo está pensando na palma da mão e, assim, têm uma cabeça muito mais aberta a novidade. Na verdade, a mesmice até chateia.

Por outro lado, da mesma forma como não existe uma geração “estragada”, também não existe uma geração perfeita, e os jovens têm que estar preparados para ouvir que têm sim defeitos. Essa é uma oportunidade de melhorar e evoluir!

Os jovens têm que estar preparados para ouvir que têm sim defeitos.

O primeiro ponto, que até popularizou essa geração como a “mimimi”, é a grande dificuldade em lidar com a objeção, problema que, inclusive, foi criado pela geração anterior. Quem nunca ouviu de um pai “aquilo que não tive vou prover para o meu filho?”. O fato de terem sido muito protegidos na infância faz com que quando cheguem ao mercado de trabalho tenham dificuldade de entender que não são perfeitos e muito menos são a “última bolacha do pacote”. Por isso, não compreendem quando o chefe diz que o trabalho feito não está da forma como deveria e que vão cometer erros. Eles precisam aceitar que podem ensinar com o novo ao mesmo tempo que aprendem com a experiência.

Porém, paciência também não é uma característica dessa geração. Eles acabam de chegar na empresa e já querem ser promovidos e ganhar muito dinheiro. São os famosos imediatistas: se não tiver resultados, fico desmotivado; não posso ser contrariado porque sou um funcionário excelente, e assim por diante. Tudo que se fala toma uma projeção maior, eles não pensam simples: se o chefe gritou é simplesmente porque ele está nervoso naquele dia e ponto final. O fato é que, independentemente da idade, sempre precisamos plantar para depois colher.

Todas as gerações tem lados negativos e positivos, erros e acertos, e cabe a nós ajudar os ruins e aprender com os bons.

O novo movimenta a cabeça, o novo faz a gente aprender coisas novas. A nova geração sabe disso muito bem e vive essa adrenalina!

*Erika Linhares é fundadora da B-Have, empresa de mentoria em mudança de comportamento humano nas empresas / Foto: Divulgação