ABRH Brasil

Por Samir Iásbeck*

Na década de 1970, Richard Bandler e John Grinder, responsáveis pela criação da PNL (Programação Neurolinguística), disseram que cada pessoa possui um modo próprio de absorver informações. Por exemplo, há pessoas que preferem aprender de maneira auditiva (guardam melhor o que ouvem), os que memorizam visualmente (captam melhor o aprendizado quando estimulam a visão) e os cinestésicos (que precisam entender o conteúdo com a mão na massa, não basta apenas ler ou ouvir), entre outros. Além disso, alguns estudantes têm mais habilidade com determinado conteúdo do que outro. Sendo assim, por que as aulas devem ser preparadas igualmente para todos os perfis de alunos?

Essa é a grande proposta de valor do adaptive learning (ensino adaptativo). O método tem como premissa adequar a forma de aprendizagem a cada indivíduo, de acordo com a maneira que ele absorve conhecimento mais facilmente e com os temas que têm mais facilidade.

Para isso, a tecnologia é parte importante nessa equação. Isso porque no processo de adaptive learning são usadas plataformas inteligentes que captam e analisam toda a interação do usuário. Dessa forma, é possível identificar qual assunto já foi absorvido e qual ele ainda tem alguma dificuldade, e também qual foi a maneira de ensinar em que foi mais assertiva. A partir dessas informações, a ferramenta indica o conteúdo mais adequado ao tempo disponível para estudar e o alia ao objetivo de cada estudante, reduzindo o foco em temas que ele já tem o domínio.

Além de oferecer jornadas de aprendizado personalizadas que atendam às necessidades de cada indivíduo, essas plataformas conseguem oferecer análises ainda mais profundas. Elas geram relatórios que avaliam o desempenho de cada um. Sendo assim, é possível acompanhar cada evolução em particular e sugerir reforço nas áreas em que o aluno tem mais dificuldade.

Se combinarmos ferramentas digitais com o olhar humano, é possível identificar pontos particulares em cada aluno.

Para atender esses requisitos, o adaptive learning costuma misturar alguns métodos para que o resultado final seja mais eficiente. Além das muitas opções tecnológicas, como realidade virtual, realidade aumentada e chatbot, entre outros, há também a opção de oferecer o blended learning (ensino híbrido). Esse método concilia aulas a distância (on-line) com aulas presenciais e o resultado é incrível. Isso porque, se combinarmos ferramentas digitais com o olhar humano, é possível identificar pontos particulares em cada aluno e proporcionar uma experiência bem personalizada.

Hoje, é muito comum ver o ensino adaptativo em diversas áreas da sociedade como em universidades, escolas e até treinamentos corporativos. No âmbito organizacional, essa metodologia pode trazer retornos extraordinários, tendo em vista que os colaboradores geralmente têm menos tempo disponível para se dedicar e esse tipo de estudo direcionado pode ser um facilitador.

Em 2017, o especialista em aprendizagem no local de trabalho, Donald Taylor, realizou uma pesquisa com 885 pessoas de 60 países para entender o que seria tendência na área L&D – Learning and Development (Aprendizado e Desenvolvimento) nos próximos anos. O ensino adaptativo foi a resposta principal superando o social learning, microlearning e a realidade aumentada.

Apesar de a pesquisa ter quase dois anos, o assunto ainda está quente no mercado de treinamentos corporativos e por isso é importante considerar essa possibilidade para sua empresa. Pensando nisso, sugiro algumas ações para quem quer elaborar um treinamento usando esse conceito.

Primeiramente, é importante fazer uma pesquisa interna que identifique os pontos fortes e fracos de cada um, ou até mesmo escolher uma plataforma que levante essas informações por meio de coleta de dados. Além disso, a escolha do software certo é imprescindível também para auxiliá-lo no momento de preparar o material. Dessa maneira, é possível respeitar as diferenças entre os colaboradores e direcionar conteúdos mais assertivos para cada indivíduo.

O que se pode concluir é que o adaptive learning veio para revolucionar o modo como as pessoas absorvem aprendizado, não só na escola, universidade e cursos em geral, mas também quando se trata de treinamentos corporativos, deixando tudo mais divertido e funcional. Sendo assim, por que não apostar nesse método hoje mesmo?

* Samir Iásbeck é CEO e fundador da plataforma Qranio/Foto: Divulgação