ABRH Brasil

 GESTÃO DE PESSOAS

Economia Digital demanda um novo RH

 Divulgação
Anderson Sant'AnnaAs transformações sucessivas advindas da Economia Digital são similares ao que se viveu na transição do mundo agrário para a Primeira Revolução Industrial. É preciso, portanto, ressignificar as noções de trabalho, de organização e das relações indivíduo-trabalho-organizações; mas, desta vez, com um diferencial gigantesco: o ritmo intenso das mudanças. Só para dar uma ideia, estudos apontam que, em 2030, 47% das profissões atuais não mais existirão da mesma forma que são hoje. No novo ambiente de negócios, é necessário criar contextos que estimulem a manifestação da criatividade e da inovação nas pessoas. E esse é um dos desafios do RH 4.0.
A reflexão acima é de Anderson Sant’Anna, professor da Fundação Dom Cabral e um dos facilitadores do RH Triple A, programa realizado pela instituição em parceria com a ABRH-Brasil (veja quadro). Na entrevista a seguir, ele aprofunda o assunto e aponta horizontes para o RH do futuro.

PESSOAS DE VALORH – Como o chamado mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) tem impactado a atuação do RH?
ANDERSON SANT’ANNA – O contexto atual requer um novo conjunto de competências, que inclui a capacidade de visão sistêmica; de leitura crítica das transformações que marcam o ambiente externo; de maior protagonismo na construção de novas formas de arranjo e configurações das organizações; e de desenvolvimento de lideranças capazes de articular as interações entre os diversos nós das redes e plataformas de negócios. Em outros termos, torna-se fundamental um RH com o olhar mais atento ao mundo externo e ao desenvolvimento de profissionais mais aptos a lidar com ambientes de criação, inovação e interações. Não dá para ignorar que o profissional de RH se insere no rol das profissões que vivenciarão impactos marcantes e, nesse sentido, necessita se revisitar, principalmente considerando que as relações capital-trabalho, típicas da economia clássica, cada vez mais se alteram para relações capital-capital humano.

PV – Quais são as tendências daqui para a frente?
AS – A tendência é cada vez mais ter o indivíduo como uma “empresa”, dono de sua carreira e de suas estratégias de desenvolvimento. Ao RH desse futuro caberá, portanto, seu papel essencial: gerir gente, desenvolver lideranças – e não apenas gestores direcionados a alocar recursos a necessidades –, assim como cuidar das funções de integração desse amplo universo de pequenas “empresas” dispostas em redes de organizações e confederações de “startups”.

Vai se diferenciar o RH que extrapolar os intramuros das organizações, apoiando-a e a seus membros na construção e integração de ambiências organizacionais marcadas pela diversidade, descentralizadas, horizontalizadas e permeadas por uma multiplicidade de vínculos. Ambiências em que o talento humano possa efetivamente se manifestar, se diferenciar. Atrair, reter, integrar e propiciar formas criativas e inteligentes de desenvolvimento humano tende a ser seu principal foco de atuação.

PV – Cabe ao RH fomentar a inovação nas pessoas?
AS – Em um ambiente de negócios em que os fatores de diferenciação e vantagem competitiva se centram cada vez mais na capacidade de inovar e agregar valor, o que permite às organizações cobrarem um preço premium por seus produtos e serviços, atributos como criatividade e inovação são essenciais. Nessa direção, aquilo de mais humano que há no humano – sua capacidade criativa, seu desejo, suas emoções – torna-se ativo fundamental.

Assim, emerge a relevância de lidarmos com a subjetividade humana, a qual não é possível gerenciar. Ao contrário, o que se demanda é a construção de condições, de estímulos, de facilitações que permitam ao ser humano manifestar sua capacidade criativa e de inovação.

Modelos tradicionais, centrados no gerencialismo, estão mais para a gestão de robôs, que de pessoas. Esse será um desafio fundamental ao RH da Economia Digital: construir contextos capacitantes em que os robôs sejam integrados ao humano e este seja liderado como humano, não como máquina inteligente. Ao construir tais ambiências, o RH poderá agregar significativo valor aos processos de criação e inovação.

PV – Os próprios RHs têm sido inovadores?
AS – Vejo muitos RHs já “incomodados”, “inquietos” diante das transformações e, sobretudo, da velocidade em que se processam. Isso é um passo e tanto na capacidade de se posicionar e contribuir na formulação e implementação de estratégias que propiciem à organização e aos seus profissionais se prepararem para os impactos decorrentes desse entorno. Mais que resolver problemas, de operacionalizar as respostas, creio que o RH está inovando no sentido de problematizar questões, de aportar novas perguntas e de liderar, interna e externamente, coletivamente, a construção de respostas, de soluções. Não inovar será perecer.

PV – Quais são as principais demandas nesse aspecto?
AS – Inovar pressupõe ressignificar o atual ou trazer algo de novo a uma dada realidade. Implica, portanto, assumir posições fundamentadas e correr o risco por elas. Significa ter uma causa, mobilizar pessoas em torno dela, negociar, influenciar. Mais que gestores de RH, necessitamos, sobretudo em tempos de mudanças paradigmáticas, de liderança de pessoas. É ver o que acontece no mundo, no entorno, ouvir pessoas e, sobretudo, escutá-las.

ABORDAGEM INÉDITA
Com início em 31 de julho, o RH Triple A tem como pilares o tripé Antecipação, Adaptabilidade e Autonomia. Sua proposta é permitir aos gestores de RH com desafios estratégicos avançarem no pensamento para o futuro em um mundo em constante transformação e desenvolverem ações relevantes  e inovadoras em seu contexto de atuação.

De acordo com o professor Anderson Sant’Anna, no percurso de aprendizagem, todos serão desafiados a criar coletivamente uma nova digital para o RH por meio de uma abordagem inédita no mercado, composta de conteúdos de ponta, aplicação de metodologias ativas e experiências significativas, entre outras abordagens contemporâneas de educação.

Para mais informações, acesse: goo.gl/ji56LA

 

 

INTERNACIONAL

Prontos para o embarque

No próximo dia 13, a delegação brasileira organizada pela ABRH-Brasil embarcará para Chicago (EUA), onde vai participar da SHRM18 – Annual Conference & Exposition, maior evento de gestão de pessoas do mundo.

Realizada pela Society for Human Resource Management (SHRM), a edição vai acontecer de 17 a 20 de junho. Simultaneamente, a World Federation of People Management Associations promoverá o 17º WFPMA World Congress, seu evento bienal e itinerante.

Além de participar dos dois eventos, os integrantes da delegação vão presenciar um momento inédito na história do RH mundial, com  acesso exclusivo à cerimônia de posse da primeira mulher a presidir a WFPMA, a brasileira Leyla Nascimento.

Saiba mais: goo.gl/ipsynz

SHRM2018_br

 

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07-06-2018_destaque