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Conheça o perfil dos líderes emergentes da geração que deve representar 70% da força de trabalho no país até 2030.

Os millennials – com idade que varia entre 26 e 41 anos, mais ou menos – já são maioria no mercado de trabalho no Brasil. Além da maior parte da força de trabalho ativa no momento, também é a geração ocupando mais cargos de chefia. 

A pesquisa do Banco Itaú BBA sobre hábitos dos millennials aponta que essa geração deve representar 70% da força de trabalho do país até 2030. 

Também conhecidos como Geração Y, Echo boomers, Gen 2.0 (a lista continua), os millennials iniciaram negócios novos e disruptivos em uma idade muito jovem. Isso porque ingressaram no mercado de trabalho mais cedo do que seus antecessores e estão despontando como líderes em diversas áreas.

De acordo com o estudo Millennials – o guia completo sobre carreira e comportamento da geração Y, realizado pela Revelo, 74% dos millennials começam a trabalhar antes mesmo de concluir a graduação.

A geração do milênio amadureceu com a internet, dispositivos móveis e mídias sociais, em um cenário de revolução tecnológica intensa. 

Rápidos e inquietos, também assumiram um perfil questionador no mundo dos negócios. São profissionais preocupados com um propósito maior de existência e o impacto que isso causará na sociedade.

Mas não é incomum os millennials serem alvos de memes e desdém da geração Z. 

Taxados de “mimados”, “preguiçosos” e “fracassados” devido a maior dependência financeira com os pais, esses jovens apenas têm uma visão completamente diferente do trabalho, da vida e do consumo do que as outras gerações.  

Sem contar que os millennials absorveram os impactos de eventos globais – e que refletiram no universo local – de forma mais intensa comparando com as gerações que vieram depois.

Na visão de Lucas Mendes, cofundador da Revelo – maior plataforma de recrutamento e recursos humanos da América Latina – o millennial passou por momentos críticos em um lapso de décadas.

Os desafios começaram ainda na infância, nos anos 80, com a crise econômica seguida da redemocratização do Brasil. Esse jovem também viveu a bolha da internet, o 11 de setembro e a crise financeira global em 2008.

Com a pandemia da Covid-19 e agora a crise dos mercados de tecnologia, o millennial encarou o crescimento econômico mais lento, desde sua entrada no mercado de trabalho, do que qualquer jovem de outra geração.

Para o cofundador da Revelo – que viveu todos esses momentos – essa jornada revela a característica mais admirável dessa geração: a resiliência.

“Vivemos bastante coisa em um curto espaço de tempo. Com essas experiências se desfaz a ideia de que os millennials eram de uma geração preguiçosa entrando no mercado de trabalho. A característica que agrega demais aos millennials é a resiliência e isso vai levar essa geração muito longe”, reflete.

Para os millennials a jornada precisa fazer sentido

Segundo a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Brasil), Andréa Gauté, para os profissionais dessa geração, a entrega do resultado pelo resultado não faz sentido. “Esses profissionais querem ter uma jornada de experiência positiva e que impacta na sociedade”, explica.

É nesse cenário em que os interesses se convergem: líderes e liderados da mesma geração e com propósitos semelhantes, sinalizando ao mercado o sucesso das gestões mais inovadoras, com modelos menos hierarquizados exercidos, especialmente, pelos millennials.

Com mais de 30 anos de experiência em gestão de pessoas, Andréa lembra que não basta os líderes criarem um mapa de competências técnicas. Eles devem realizar uma avaliação genuína do que faz sentido para cada colaborador, considerando o propósito da jornada e as expectativas com a organização.

“O compliance pode ajudar nessa pauta a fim de estruturar uma cultura organizacional saudável. Os profissionais dessa geração não querem ser mais uma ‘matrícula’ e isso deve permanecer no radar dos empreendedores”, completa.

A liderança transformadora exercida por empreendedores millennials olha para o futuro e constrói um caminho com metas para alcançá-lo junto de sua equipe. Para isso, o gestor precisa criar um clima inspirador.

Apesar dos desafios para os líderes millennials, muitos conseguem nutrir esse cenário quando passam a enxergar, em si mesmos, as características e os anseios da própria equipe. É o que revela o empreendedor Marco Antonio Zanatta.

Ao encarar longas filas para aprovar seus projetos e emitir alvarás de construção no balcão de prefeituras, o arquiteto enxergou a oportunidade de criar um negócio de impacto para sociedade. Aos 26 anos, Marco largou uma carreira promissora para desburocratizar o Brasil.

Um projeto ambicioso, com um propósito ainda maior: eliminar o excesso de burocracia dos governos para agilizar e simplificar o acesso da população a serviços públicos essenciais. 

Assim, em 2017 ele fundou o Aprova Digital, uma govtech que agrega eficiência aos serviços públicos e já ajudou a economizar 260 mil toneladas de papel de prefeituras brasileiras, tramitando mais de 40 mil processos digitais todos os meses.

Com um aporte de R$ 4 milhões em 2021, a govtech multiplicou o faturamento por três e pretende dobrar o time até o fim do ano, seguindo na contramão das layoffs. Atualmente a startup possui 71 funcionários, 95% jovens da geração Y.

“Ver na equipe a preocupação com o impacto do seu trabalho na sociedade me faz lembrar dos meus próprios valores e propósitos, agora  apropriados por toda empresa. O time é engajado e disposto porque identifica na jornada profissional fatores que condizem com sua realidade e compreensão de vida”, conta.

Por Deyvid Alan
Mestre em educação e jornalista na Aprova Digital, govtech que oferece soluções tecnológicas para o governo.

https://www.linkedin.com/in/mazanatta/
Marco Zanatta

https://www.linkedin.com/in/lmzmendes/
Lucas Mendes

https://www.linkedin.com/in/andr%C3%A9a-barcellos-gaut%C3%A9-5764431a/
Andréa Gauté